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domingo, 16 de fevereiro de 2014

Maria Teresa Horta, Minha mãe meu amor. 1ª edição, Ilustrada, Rolim, 1986

Maria Teresa Horta

Minha mãe meu amor

1ª edição

Ilustrações extra-texto de Regina Chulam

Edições Rolim

Coleção Ilhas

Capa José Carlos Albernaz

1986

150p






Maria Teresa Horta

por Patrícia Reis, em 22.11.12
Ontem, na entrega do Prémio Máxima a Maria Teresa Horta calhou-me o privilégio de falar sobre ela. Assim:

A Maria Teresa disse:
Estou a fazer marmelada mas como me pode surgir um poema e depois perco a noção do tempo, ligo um alarme. Para não deixar queimar os marmelos com o açúcar. Não posso é deixar que o poema me escape da mão, percebes?

A desobediente disse tudo isto com uma calma imensa, um
riso pequeno guardado no canto de cada palavra.
Podíamos esquecer o cinzento lá de fora e ainda o estranho barulho na cabeça. Somos uma aparição uma da outra entre a marmelada e o poema. Agitamos a solidão, uma da outra, na panela já gasta. Uma colher de pau na mão, sempre na direcção do relógio. Sem pressa.

A minha relação com Maria Teresa Horta é feita destes pedaços. E, através dos seus olhos cor de mar, vejo o mundo de outra forma. Desde que a descobri, por fim, a palavra que melhor me serve surgiu com enorme clarividência: desobediência. Ela é desobediente e eu sou igualmente feita desse molde que não se encaixa em nada.

Há muito que nos separa, a começar pela idade, mas isso pouco nos importa. As nossas conversas fluem como água fresca num riacho e, de repente, pela noite, chega um poema numa letra a azul que a Maria Teresa escolhe e, no fim, a assinatura para aqueles que ama: beijo-te de te adorar. Nunca ninguém me tinha escrito nada de semelhante: beijo-te de te adorar. O amor entre as mulheres, amizade que nos cola e não se explica, nasce de uma forma algo inusitada. É um mistério. E, ao mesmo tempo, um regresso a um lugar de consolo, de renascimento.
Eu, a admiradora, ela, a escritora, poetisa, activista que tanto me tinha dado.

Leio a Maria Teresa desde os meus 13 anos.

No ano passado li e reli as Luzes de Leonor e nunca perco a sua poesia de vista. Preciso que esteja perto. E preciso ainda de um sentido ético que existe na Maria Teresa e que, ligado à desobediência e a um sentido político de cada acto individual, define a sua maneira de estar e ver o mundo. Não é – nunca foi ou será – uma mulher como as outras, uma acomodada, comodista, politicamente correcta, calada, submissa. No entanto, nada disto invalida o outro lado da moeda. É que com a Maria Teresa aprendemos a paixão, o empenho, o entusiasmo, a não desistência que é diferente da militância cega e fundamentalista.

Os poemas ditos eróticos de Maria Teresa são poemas de amor e ela carrega em si, na sua pele, na escrita, um amor imenso por pessoas que a rodeiam, do marido, Luís, ao filho Luís Jorge, à nora e filha de coração Antónia e aos netos Bernardo e Tiago. Mas há mais outros laços e rotinas que a encantam. As sextas-feiras da família. O bolo que faz, a marmelada que pode queimar e, acima de tudo, a ideia de que a escrita está na ponta dos dedos, no fim ou princípio de um caudal de alma que será derramado, diariamente, num poema. E um poema pode ser uma frase ou um desabafo. Ou, para quem saiba entender, um exercício de expulsar a tristeza. Pelo menos de tentar expulsar a tristeza.

Há um certo espelho da vida da Teresa que eu encontro na minha. Talvez por isso tenha demorado tanto tempo a ter a coragem de lhe falar. Depois disso nunca mais nos largámos e sei que será assim.

Esta homenagem, ou qualquer outra, comove-me e enche-me de orgulho, já que todas as vezes que alguém acarinha, lê e apreende o que Maria Teresa Horta anda a escrever há mais de 52 anos (faz este ano 52 anos de vida literária, teve o seu primeiro prémio como um prémio de carreira da revista Máxima em 2008 e o Dom Dinis no ano passado) eu acredito que fico menos sozinha no mundo. Tudo graças a esta mulher absoluta, a minha nossa senhora dos anéis.

Tiragem de 1650 exemplares em papel superior. Livro como novo, capa, lombada e miolo limpos


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